Salve!
Sábado no sarau Poesia na Brasa, nós do coletivo cultural Esperança Garcia lançamos nosso fanzine. A Ideia teve inicio em novembro/2010, onde decidimos colocar um material nosso nas ruas, como o fanzine foi o mais acessível, decidimos arriscar...
Essa edição cota com indicações de filmes, sugestões de leitura, falamos de escritoras negras e um pouco da nossa história oralmente contada. Ainda estamos engatinhando na questão do fanzine, pois este é criado de forma totalmente independente, até porque nós ainda não tínhamos feito fanzine antes, mas está sendo uma experiência bacana, montar, diagramar e escrever um pouco sobre nós e nossa história que é muito mal contada por aí.
Gostaríamos também de dizer mais uma vez o porquê do Coletivo. Decidimos montar um coletivo de mulheres por sentir falta da discussão de gênero na cultura de periferia, principalmente no âmbito da literatura onde temos maior atuação. Não nos fortalecemos sozinhas, somos fruto de muitas gerações de mulheres que lutaram e lutam por melhoria nas quebradas, exigir o respeito não é uma questão nova, é uma questão de séculos, e infelizmente até hoje ainda sofremos com o machismo impregnado na sociedade brasileira, o que se reflete no todo.
As mulheres negras e periféricas hoje estão se unindo pra poder discutir questões que nos afetam, e também discutir melhorias, modo de atuação, enfim, não somos inimigas de ninguém, quanto mais mulheres e homens se juntarem pra tentar mudar um pouco do sistema que predomina até hoje como o escravista, machista, católico, e outros mais, temos certeza que vamos evoluir e muito, isso juntos!
É triste ver que as pesquisas ainda apontam o quanto que a mulher brasileira é violentada, e o mais triste ainda é saber que existem leis que não são executadas como deveriam um dia me falaram que todos os dias é dia da mulher, fiquei pensando que se é mesmo, porque que a cada 15 segundos uma mulher é agredida?
São coisas que teria que ser interesse de todos, não só das mulheres!!!
Não queremos que ajoelhem aos nossos pés e peçam perdão, não queremos demonstração de afeto só no 8 de março, o respeito tem que ser continuo, a discussão tem que ser continua, ampla e com o mesmo espaço que todas as outras questões tem.
Outra coisa importante de ressaltar, NÃO SOMOS PEDAÇOS DE CARNES EXPOSTO EM AÇOUGUES!!! É preocupante o quanto a mulher é tratada como uma carne e só, como um bicho sem cérebro. Fico profundamente irritada quando eu falo das musicas, poemas, contos, e outras coisas mais que depreciam a mulher, e mais indignada ainda quando um homem diz "Elas gostam". Elas quem? De quais mulheres estão falando? Quem se acha no direito de decifrar o que uma mulher gosta ou não?
Outra pergunta pra se refletir no todo. SERÁ QUE São ESSAS IMAGENS DEPRECIATIVAS QUE QUEREMOS CONTINUAR PASSANDO DAS MULHERES NEGRA E PERIFÉRICAS?
Se decidimos fazer parte de movimentos culturais, eu Raquel pelo menos, foi por achar que poderia tocar em todos os assuntos sem medo, por achar que estava me envolvendo em lugares e com pessoas que pensam melhorias para a periferia de um modo geral, inclusive na questão feminina.
O Sonho não morre! Como disse, não fazemos acontecer nada sozinhas, é uma troca intensa com noss@s parceir@s de caminhada, o mínimo que queremos é chegar com informações aonde não chega, não queremos ver mais os rostos das nossas avós, mães, tias, primas, irmãs, tristes, queremos vê-las sorrindo, e com a certeza que SER MULHER É POSSÍVEL!!!
AXÉ
Raquel Almeida
Faz muito tempo
As mulheres, As meninas, As moças, As mães e tias da periferia
Querem homens profundamente
Mais educados, educadores
Mais pensantes, pensadores
Mais elegantes, não só reprodutores
Mais generosos não geniosos
Mais humanos cidadãos
Porque a história tem seus ciclos sim
E tudo se renova de olhos atentos
E principalmente as avós
Querem homens que enterrem seus mortos
Maria Tereza
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