terça-feira, 26 de março de 2013

CARTA MANIFESTO SOBRE O ROMPIMENTO DOS COLETIVOS DE TEATRO NEGRO DE SÃO PAULO COM A “MOSTRA DA NOVA DRAMATURGIA DA MELANINA ACENTUADA”.


“Negros que escravizam e vendem negros na África não são meus irmãos
  Negros senhores na América a serviço do capital não são meus irmãos
  Negros opressores em qualquer parte do mundo não são meus irmãos...”
(Trecho do poema “OS NEGROS” de Solano Trindade).

O MOVIMENTO DE TEATRO NEGRO DE SÃO PAULO manifesta aqui toda sua indignação e perplexidade diante do tratamento desrespeitoso direcionado aos coletivos de teatro: CAPULANAS CIA DE ARTE NEGRA, OS CRESPOS, COLETIVO NEGRO E GRUPO CLARIÔ DE TEATRO, pela curadoria e coordenação da "MOSTRA DA NOVA DRAMATURGIA DA MELANINA ACENTUADA”, que ocorre na Cidade de São Paulo, desde novembro de 2012, no TEATRO DE ARENA EUGÊNIO KUSNET, financiada pelo EDITAL DE OCUPAÇÃO DO TEATRO DE ARENA EUGÊNIO KUSNET/ 2012 (2º SEMESTRE).

É com tristeza que anunciamos nossa inevitável retirada, no mês de fevereiro de 2013, do “evento” supra-citado .

Somos coletivos comprometidos com a politização de questões raciais e sociais no teatro, e nosso reconhecimento é legitimado pelo público, movimentos sociais  e crítica, que reconhecem a qualidade estética de nossos trabalhos e a importância da militância político-artística no centro e nas periferias de São Paulo.
Para nós, a ocupação histórica do teatro de Arena - espaço de referência e luta  desde a década de 50 no Brasil -  pela Mostra referida, era mais um passo importante na trajetória do Teatro Negro brasileiro e, por este motivo, havíamos nos colocado à inteira disposição para seu fortalecimento. Disponibilizamos nossas obras, corpos e pensamentos, a fim de somar forças, estabelecer trocas e propiciar um passo fundamental na conquista de novos olhares, rumo à dramaturgia negra do século XXI. No entanto, no decorrer do processo de nossas participações, observamos um olhar estrangeiro, contraditório e, finalmente dissimulado e desrespeitoso, por parte do coordenador/curador/idelizador da Mostra: Aldri Anunciação. Por vezes tentamos dialogar, mas apesar do discursoaparentemente ser o mesmo, os modos de trabalho moram em pólos diferentes: apropriação não é pertencimento. 
Inúmeras falhas ocorreram durante o processo. É evidente que a legitimade de uma mostra de dramaturgia negra em São Paulo se dá pela força de atuação dos coletivos locais, porém o desconhecimento e falta de interesse do curador à respeito da trajetória de cada coletivo,  desembocou em uma série de incoerências. Em meados de setembro de 2012 os grupos foram sondados para participar da Mostra, sendo que alguns, depois de iniciados os contatos, foram simplesmente ignorados durante o processo de negociação. Em contraponto, outros foram incluídos na programação antes do fechamento de sua participação; datas foram modificadas sem acordo; materiais de divulgação expostos com inúmeras falhas, retirados da internet sem  consentimento. Uma absoluta desorganização e falta de comprometimento que, até certo momento relevamos, na tentativa de compreender e preservar a Mostra.
Descobrimos que o esforço e parceria por nós ofertados não era recíproco. Os Grupos paulistas fecharam sua participação na Mostra por uma “ajuda de custo”(já que o que nos foi informado era que a verba destinada era pouca, para o tanto que queriam e iriam produzir). Nós topamos, como já foi dito, por questões ideológicas. No entanto, os coletivos tomaram conhecimento do tratamento diferenciado ao elenco do Rio de Janeiro. Era discrepante a diferença financeira oferecida à produção carioca, em relação ao cachê. Pedimos um encontro para esclarecimentos e exigimos tratamento igualitário.  Em reunião, o coordenador da Mostra deu continuidade ao mau tratamento, enfatizando haver de fato uma separação entre trabalho de grupo: “os que participam pela causa”;  e elenco: “os que participam pelo cachê”. O rumo da prosa foi a lógica de Mercado, e o discurso político foi transformado em valores.  Diante disso, não poderíamos chegar a outra conclusão senão, a de que estávamos sendo EXPLORADOS EM NOSSA PRÓPRIA CASA e usados para legitimar uma proposta que não passava de cartaz.

Lembrando novamente do irmão Solano:
“Quando eu nasci,
Meu pai batia sola,
Minha mana pisava milho no pilão
 para o angu das manhãs…
Portanto eu venho da massa. Eu sou um trabalhador.”  
     (Trecho do poema “autobiográfico”, de Solano Trindade)

Nós somos trabalhadores e dizemos: NÃO!
NÃO aceitamos permanecer na MOSTRA, porque os meios utilizados NÃO nos levaram a um mesmo fim ideológico, que antecede qualquer questão financeira: o respeito, a confiança, a parceria, a verdade.
Nós: OS CRESPOS, CAPULANAS CIA DE ARTE NEGRA, COLETIVO NEGRO E GRUPO CLARIÔ DE TEATRO rompemos.
Após o rompimento (que primeiro foi comunicado aos organizadores da Mostra), solicitamos uma carta de retratação por parte da coordenação, que foi resumida com a frase:  “POR MOTIVO DE FORÇA MAIOR”.                                                                                                              
E é por MOTIVO DE FORÇA MAIOR: R E S P E I T O  (com nós mesmos, nosso público, nosso posicionamento político-ideológico, a história do teatro negro brasileiro, nossos sonhos e obras), que nos afastamos da Mostra. 
Acreditamos que nossa ruptura pode contribuir para a evolução das próximas mostras e para o compromisso, respeito e ética com as futuras apresentações destes, e outros coletivos.

NOTA:
Desde nossa saída estamos sendo acusados de boicotar o evento por descontentamento financeiro”, e responsabilizados pelo esvaziamento das atividades propostas na programação (falha de divulgação da organização). 
Esperamos que nosso desabafo-manifesto sirva de esclarecimento ao nosso público e interessados sobre os reais motivos de nossa retirada e, que os mesmos compreendam e apoiem a nossa decisão.

Aqui também, anunciamos nosso respeito e consideração aos inúmeros participantes da “MOSTRA DA NOVA DRAMATURGIA DA MELANINA ACENTUADA”, mestres que por ali passaram e passarão, parceiros de luta, trabalho e vida. Irmãos. Bem como os parceiros cariocas, que nada tem a ver com a displiscência da organização desta Mostra de Dramaturgia Negra.

Axé.

Esta é uma posição coletiva.

São Paulo, 23 de março de 2013.
Movimento de Teatro Negro de São Paulo.

“Os tambores não são mais pacíficos
Até as palmeiras têm amor à liberdade”.
(Trecho do poema  “Canto dos Palmares” - Solano Trindade)

Para maiores esclarecimentos:
GRUPO CLARIÔ DE TEATRO: www.espacoclario.blogspot.com

-- 
Capulanas Cia de Arte Negra
www.ciacapulanasblogspot.com

sexta-feira, 8 de março de 2013

I SEMINÁRIO DE LITERATURA DA PERIFERIA (15,16 e 17 de março)


O seminário pretende discutir e analisar a produção literária das periferias, em SP e fora do estado, com base nos eixos: Política, Educação e Estética, em três palestras/debate com a presença de escritores/as (poetas e prosadores) educadores/as e pesquisadores/as que atuam e refletem o tema.



PROGRAMAÇÃO:

15/03/13 (sexta-feira)- das 18h às 20h
Tema: Literatura da periferia e política: trança de raiz?

Sinopse: Entre manifestos e manifestações a literatura da periferia parece gritar em todos os seus temas. Nela o direito à existência é afirmado na denúncia e no amor, na dureza da narrativa e no gozo do verso e vice-versa. A proposta é discutir quais são as aproximações ente a produção literária da periferia (oral e escrita) e a ação política inerente ao ser social. Onde elas se encontram? Ou mesmo, é possível existirem separadas?
Palestrantes: Nelson Maca (BA) e Ruivo Lopes (SP)
Mediador: Diego Arias (Sarau da Brasa)

16/03/13 (sábado)- das 18h às 20h
Tema: Barreiras visíveis e invisíveis: Teorias e práticas que se entrelaçam na Educação e na Literatura da periferia.

Sinopse: A proposta é que os convidados discorram sobre suas atuações entre o universo da Educação e da criação literária da periferia, suas visões e perspectivas neste trânsito de conhecimentos que podem potencializar cada vez mais as relações sociais. Como encontrar brechas para aguçar o imaginário dos educandos no ensino formal, como desenvolver ações no ensino dito informal, em que saraus, centros culturais independentes estão em movimento, engrossarão o caldo neste encontro.
Palestrantes: Allan da Rosa (SP) e Celinha Reis (SP)
Mediador: Michell da Silva - Chellmí (Sarau da Brasa)

17/03/13 (domingo) - das 17h às 19h
Tema: Entre as frestas da forma: Rachaduras e horizontes.

Sinopse: A mesa propõe discutir e analisar o desenvolvimento estético da literatura da periferia (oral e escrito), a relação e os entraves com a atuação engajada de seus protagonistas.
Palestrantes: Cidinha da Silva (MG) e Érica Peçanha (SP)
Mediador: Michel Yakini (Sarau Elo da Corrente).

Dias: 15, 16 e 17 de março de 2013.

Local: Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso
Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte.
(ao lado do terminal Cachoeirinha)


Organização: Sarau da Brasa, Sarau Elo da Corrente, Projeto Espremedor e CCJ Ruth Cardoso.

Projeto contemplado no Edital de Ocupação do CCJ.

sexta-feira, 1 de março de 2013

SLAMULHER E A POÉTICA URBANA DA JOVEM MULHER NEGRA CONTEMPORÂNEA



Realização: Revista O Menelick 2º Ato e Núcleo Bartolomeu de Depoimentos

Data: 7 de Março, quinta-feira

Horário: 19h às 22h

Local: Ação Educativa - Auditório


Atividades: Roda de Conversa (Tula Pilar, Raquel Almeida e Roberta Estrela D´Alva) + Slam


Horários

Roda de conversa: 19h30 às 20h45

Slam: 21h às 22h




Bate-papo: A partir dos textos publicados na revista O Menelick 2º Ato: Poetizar a Existência e o Ser Feminino (Renata Felinto, edição 08) e Declama-te ou te devoro: o Poetry Slam e a Celebração Urbana da Poesia Falada (Roberta Estrela D´Alva, edição 07), as poetisas Raquel Almeida, Tula Pillar e Roberta Estrela D´Alva falarão sobre o atual momento da produção contemporânea literária das jovens mulheres negras poetisas das beiradas da cidade de São Paulo.

A poesia e o slam são duas faces de uma mesma linguagem. O debate propõe uma reflexão estética e literária sobre as convergências e divergências da produção de ambas as formas poéticas e o seu papel na luta cotidiana da mulher negra e periférica na atualidade.


Convidadas: Tula Pillar, Raquel Almeida e Roberta Estrela D’Alva

Mediação: Chris Gomes / Renata Felinto
SLam: Condução do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, microfone aberto apenas para mulheres. Distribuição de prêmios aos vencedores da noite!