sábado, 30 de outubro de 2010

AFRICANIDADES BRASILEIRAS- Salloma Salomão - MBanzo do Futuro -SESC Ipiranga Dia(s) 14/11 Domingo, às 12h.

AFRICANIDADES BRASILEIRAS

(*texto de divulgação)

Comemorando 30 anos de musicalidade e negritude, o compositor e historiadore afro-mineiro, apresenta o show "Mbanzo do Futuro". Dialogando com o público, Salloma Salomão mostra as canções autorais gravadas em trabalhos anteriores e, partindo das memórias, deixa refletir suas pesquisas sobre as matrizes africanas da música brasileira. As misturas sonoras que propõem são geradas por experiências inacabadas de processos de descobertas estéticas, políticas e (in) traduções culturais. Grátis
Endereço: Rua Bom Pastor, 822 - Ipiranga São Paulo - SP, 04203-000 -
Maiores informações: (0xx)11 3340-2000


por Juliana Balduino
Coletivo Cultural Esperança Garcia

Memória Digital: Mulheres Negras em Movimento - CICAS 24/10/2010

 O domingo começou cedinho e cheio de expectativas para nós do Coletivo Cultural Esperança Garcia, chegamos no CICAS e conseguimos chegar na feira que fica pertinho do  espaço. Foi com muito carinho e atenção que escolhemos os ingredientes que temperaram a macarronada que preparamos para a criançada. Depois corremos com a organização das exposições e logo tudo estava pronto.
Em seguida, iniciamos a organização das exposições - "MULHERES DA TERRA" DE SONIA BISCHAIN ; - EXPOSIÇÃO COM TRECHOS DO LIVRO “ UM QUARTO DE DESPEJO DA ESCRITORA MARIA CAROLINA DE JESUS “ ORGANIZADA POR THAIS SANTOS DA COMUNIDADE CULTURAL QUILOMBAQUE; - EXPOSIÇÃO COM LIVROS E TRABALHOS TEÓRICOS RELACIONADOS À POPULAÇÃO NEGRA E SUA PRODUÇÃO SIMBÓLICA E CULTURAL - COLETIVO CULTURA ESPERANÇA GARCIA.

 
* fotos: Juliana Balduino, Juliana Queiróz e Paula Dias
Preparando o almoço...


 
Sonia Bischain organizando a exposição


Clayton João -  Porjeto Espremedor

organizando a exposição de livros

algumas obras da exposição -




Kathiara Okê e Tata

as meninas ligadas no som

professora de dança do ventre no espaço CICAS

Apresentação com alunas do espaço



Samanta Biotti e Thais Santos

Juliana Queiróz



 Taís Lopes, Raquel Almeida, Thais Santos, Juliana Queiróz

Arte produzida durante o evento -





Kathiara Okê, somando em dados e informação nossa discussão






* fotos Sonia Bischain
Juliana Queiróz -  

Sirlene Santos

Raquel Almeida


* Abaixo trechos observações recebidas por e-mail durante a semana...
Em 25 de outubro de 2010 21:40, Samanta Biotti escreveu,"Salve! Obrigada pela força e comprometimento no nosso encontro de ontem no CICAS, descobrimos a cada dia que estamos num processo necessário de discussão e reflexão. Nossas ideias projetos podem caminhar junto e com certeza a proporção de dimensão e atuação será maior naquilo que buscamos. Daí nos deparamos também com outra questão o sentimento de perceber e querer desconstruir alguns eixos e padrões que estão ou foram cravados em nosso peito e consciência na forma de lidar com o outro, com nossa comunidade e o objetivo maior, que é o nosso movimento.Tudo aconteceu porque todas vocês acreditaram, valeu! - Samanta Biotti - Coletivo Cultural Esperança Garcia

Em 27 de outubro de 2010 18:02, Raquel Almeida escreveu: "Adorei o evento, senti firmeza nas falas, nas atitudes, em tudo, estamos cada vez mais amadurencedo...JÚ BALDUINO, falou de uma forma que eu nunca tinha visto. Jú Queiróz deu uma contribuição gigante, até porquê pessoas depois chegaram me dizendo que nao sabiam que existia tantaviolencia contra a mulher...SÁ E SIRLENE, que surpresa boa, achei lindo!!!TAIS- Como fiquei feliz por vc ter falado...É isso mesmo queridona, tem que falar mesmo, o motivo da sua participação no Esperança...Bom e isso..."Bjs - Raquel Almeida

Em 27 de outubro de 2010 18:02, Carol Doro escreveu:"Opa Galera tudo certo?? bom também gostei muito de participar do debate, sempre aprendendo coisas novas!Gostaria de saber um pouco mais sobre a historia e a pesquisa que vcs veem fazendo.Clayton logo menos mando as fotos!bjs." Carol Doro - http://caroldorofoto.multiply.com/photos/album/117/CICAS_24_10_10

Em 26 de outubro de 2010 12:06, Clayton Joao - Projeto Espremedor escreveu:
" Ai povo muito obrigado mesmo por esse dia foi muito bom, por ter certeza que é nois sempre nos corre e nos objetivos a ser traçados, tudo que esta acontecendo nos últimos anos esta sendo mais que um aprendizado de muita coisa nova pra mim, eu achava eu que jamais iria aprender tanto com nos mesmo .Muito Obrigado, depois agente agiliza outras gingas rsrsrsrsrssrsrsrs."beijos Clayton João - Projeto Espremedor.

Agradecemos a oportunidade de compartilhar com vocês nossos olhares e também ampliar  nossas
discussões com as contribuições trazidas pelos participantes.


Grande beijo!!!
Logo postaremos mais uma movimentação!
Axé!
Juliana Balduino - Coletivo Cultural Esperança Garcia

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Colonos e Quilombolas, hoje em São Paulo!- É hoje!!!! 26/10/2010

É hoje!
( texto de Cidinha da Silva)

Às 19:00 hs lanço meu livro mais recente, “Colonos e Quilombolas”, retratos da territorialidade negra em Porto Alegre. Uma co-autoria com Irene Santos e outras. O trabalho realizado por mim foi a escritura de 10 crônicas a partir de depoimentos de moradores da antiga região da Colônia Africana (atual Cidade Baixa), todos(as) com 70 anos ou mais. O cerne do livro são fotografias de pessoas, situações e modos de viver de pessoas negras, ex-escravizados (as) e seus (suas) descendentes no Porto Alegre de fins do século XIX e primeiras décadas do século XX, recolhidas por Irene Santos, organizadora da obra, e tratadas para publicação. Fiquei muito contente em participar do trabalho e também com o resultado final dos textos. Como já disse em algumas ocasiões, adoro trabalhar por encomenda. Quando não são impostos limites à criação, acho a encomenda de um texto algo desafiador. Espero vê-las(os) na Ação Educativa, rua General Jardim, 660, às 19 hs, Vila Buarque, para conversar sobre o livro,ler algumas crônicas e autografar a obra para quem desejar .
                          


Nossa fonte: Aruanda Mundi


por Juliana Balduino
Coletivo Cultural Esperança Garcia

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Reunião pública independente para um CCJ democrático

Criado em 2006 o então Centro de Cidadania da Juventude – atual Centro Cultural da Juventude “Ruth Cardoso” – foi instalado na região norte da cidade de São Paulo, precisamente na Vila Nova Cachoeirinha, com a intenção de proporcionar aos moradores da região maior acesso às atividades culturais e também às formas de produzir cultura. Na legislação que o institui – já modificada algumas vezes e atualmente sob o formato de LEI Nº 14.875, DE 5 DE JANEIRO DE 2009 -encontramos o seguintes trecho:
“Art. 3º. O Centro Cultural da Juventude tem por atribuição conduzir ações orientadas prioritariamente para jovens com idade entre 18 e 29 anos, cabendo-lhe, em especial:
I - promover o acesso e apoio às ações e atividades culturais da Cidade e da região;
II - produzir e divulgar informações de interesse dos jovens;
III - ampliar a formação, o conhecimento, as oportunidades e as habilidades que auxiliem na inserção social dos jovens;
IV - criar alternativas de lazer e convívio;
V - articular-se com entidades e instituições ligadas à cultura e ao universo da juventude, bem como integrar e apoiar iniciativas locais;
VI - gerir o quadro de pessoal, os recursos orçamentários e financeiros, os contratos, convênios e outros instrumentos congêneres;
VII - gerir os serviços administrativos e gerais de manutenção.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no “caput”, o Centro Cultural da Juventude poderá promover o desenvolvimento de atividades e programas destinados a outras faixas de idade.”
Destacamos partes deste artigo para questionar o seu cumprimento. Já há algum tempo agrupamentos culturais independentes que desenvolvem suas atividades nos bairros da periferia da zona norte da cidade vem procurando este equipamento cultural público afim de desfrutar de suas instalações e também encontrar apoio para o desenvolvimento de sua atividades. No entanto, ao passar dos anos temos vivenciado situações bem distintas. De um lado vemos montantes de R$ 15 mil pagos a bandas que se apresentam neste Centro Cultual por apenas algumas horas, já de outro lado nossos artistas locais raramente conseguem espaço para manifestar sua arte e tampouco ser remunerados por isto, pelo contrário, já chegamos a ter algumas atividades boicotadas pela direção deste equipamento público seja na recusa de fornecimento de materiais indispensáveis às atividades e previamente solicitados, ou pelo corte de energia elétrica durante as atividades – isso para não citar casos mais graves. A verdade é que aparentemente os diretores deste equipamento público parecem preferir artistas e oficineiros de outras regiões em detrimento dos artistas locais, o que claramente indica desrespeito a partes do artigo de lei citado acima.
Para que possamos conhecer mais situações de desprestigio da arte local, bem como conhecer diferentes pontos de vista sobre adequada utilização das instalações e dos recursos deste importante equipamento público, convidamos todos os interessados a participar de uma espécie de reunião pública independente dentro do Centro Cultural da Juventude.
Enfatizamos que esta é uma iniciativa independente, que não partiu dos gestores do Centro Cultural da Juventude, com isso pretendemos desempenhar esforços para democratizar este espaço que é gerido com nosso dinheiro. Se o espaço é realmente público, então vamos ocupá-lo.
Reunião pública independente para um CCJ democrático
Local: Centro Cultua da Juventude “Ruth Cardoso” - Av. Deputado Emílio Carlos, 3.641. Vila Nova Cachoeirinha. Zona Norte. (ao lado do terminal Cachoeirinha)
Data: 11 de novembro de 2010
Horário: 16h
Segue abaixo o texto da lei que institui o CCJ, publicada no Diário Oficial da Cidade de São Paulo de 06/01/2010 pag. 1.
LEI Nº 14.875, DE 5 DE JANEIRO DE 2009
(Projeto de Lei nº 252/08, do Executivo)
Dispõe sobre a criação do Centro Cultural da Juventude - CCJ, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura, e de seu respectivo quadro de cargos de provimento em comissão.
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 19 de dezembro de 2008, decretou e eu promulgo a seguinte lei:
Art. 1º. Fica criado o Centro Cultural da Juventude - CCJ, vinculado à Secretaria Municipal de Cultura.
CAPÍTULO I
DA ORGANIZAÇÃO, ATRIBUIÇÕES E COMPETÊNCIAS
Art. 2º. O Centro Cultural da Juventude compõe-se de:
I - Gabinete do Diretor;
II - Conselho Consultivo;
III - Supervisão de Administração e Finanças;
IV - Supervisão de Programação.
Art. 3º. O Centro Cultural da Juventude tem por atribuição conduzir ações orientadas prioritariamente para jovens com idade entre 18 e 29 anos, cabendo-lhe, em especial:
I - promover o acesso e apoio às ações e atividades culturais da Cidade e da região;
II - produzir e divulgar informações de interesse dos jovens;
III - ampliar a formação, o conhecimento, as oportunidades e as habilidades que auxiliem na inserção social dos jovens;
IV - criar alternativas de lazer e convívio;
V - articular-se com entidades e instituições ligadas à cultura e ao universo da juventude, bem como integrar e apoiar iniciativas locais;
VI - gerir o quadro de pessoal, os recursos orçamentários e financeiros, os contratos, convênios e outros instrumentos congêneres;
VII - gerir os serviços administrativos e gerais de manutenção.
Parágrafo único. Sem prejuízo do disposto no “caput”, o Centro Cultural da Juventude poderá promover o desenvolvimento de atividades e programas destinados a outras faixas de idade.
Art. 4º. A Supervisão de Administração e Finanças tem as seguintes atribuições:
I - executar e controlar os serviços de expediente, protocolo, tramitação de documentos e papéis, arquivo geral, reprografia, almoxarifado e transporte;
II - promover o levantamento das necessidades de compras e contratações de serviços, bem como propor a realização das respectivas modalidades de licitação;
III - formalizar termos de contratos, de parceria, de compromisso e responsabilidade e apólices de seguros, bem como de prorrogação, rescisão, aditamentos e quitações, responsabilizando-se pelo acompanhamento dos respectivos prazos;
IV - controlar os recursos materiais e gerir os recursos orçamentários, com a finalidade de atingir os objetivos do Centro;
V - planejar, manter e controlar as atividades relativas à gestão de pessoas;
VI - prestar serviços de zeladoria;
VII - providenciar a infra-estrutura necessária à realização da programação do Centro;
VIII - apoiar as produções dos espetáculos realizados, no que se refere a serviços de cenotécnica, iluminação, sonoplastia e projeção;
IX - supervisionar o serviço de bilheteria dos teatros e salas de espetáculos;
X - supervisionar o serviço de montagem de exposições;
XI - exercer outras atribuições que lhe forem cometidas, compatíveis com a sua área de atuação.
Art. 5º. A Supervisão de Programação tem as seguintes atribuições:
I - produzir, executar e controlar a agenda de programação artística
e de oficinas e a utilização dos espaços;
II - realizar encontros e atividades culturais da programação, para o desenvolvimento, aprimoramento e participação dos jovens;
III - produzir, tornar disponível e construir acervo de informações e de produtos culturais de interesse e de realização de jovens;
IV - monitorar e avaliar as atividades da programação, por meio de relatórios ou instrumentos equivalentes;
V - definir os critérios para a elaboração dos editais de seleção de projetos, atividades, espetáculos e oficinas;
VI - exercer outras atribuições que lhe forem cometidas, compatíveis com a sua área de atuação.
Art. 6º. Compete ao Diretor do Centro Cultural da Juventude:
I - responder institucionalmente pelo equipamento;
II - aprovar e estabelecer as diretrizes para a condução política e administrativa do Centro, de acordo com a política de governo;
III - realizar o intercâmbio com as demais unidades da Secretaria Municipal de Cultura;
IV - responder pela execução orçamentária do Centro.
CAPÍTULO II
DO CONSELHO CONSULTIVO
Art. 7º. O Conselho Consultivo do Centro Cultural da Juventude tem as seguintes atribuições:
I - colaborar na implementação da política cultural fixada para o Centro;
II - propor diretrizes para o plano de atividades;
III - auxiliar na avaliação dos resultados obtidos pelas parcerias e convênios firmados na área de atuação do Centro;
IV - propor medidas para o aperfeiçoamento do modelo de gestão;
V - participar da elaboração de plano de sustentabilidade e captação de recursos para o Centro;
VI - acompanhar e monitorar as ações e atividades do Centro, inclusive quanto à aplicação dos recursos orçamentários;
VII - articular a participação da comunidade em fóruns de aperfeiçoamento das atividades e gestão do Centro, mediante convite dirigido a entidades culturais, de apoio a programas de juventude, entidades locais e representantes dos usuários.
Art. 8º. O Conselho Consultivo será integrado por 9 (nove) membros, todos com seus respectivos suplentes, na seguinte conformidade:
I - pelo Poder Público Municipal, 5 (cinco) representantes, sendo um de cada um dos seguintes órgãos municipais:
a) da Secretaria Municipal de Cultura;
b) da Secretaria Municipal de Participação e Parceria;
c) da Secretaria Municipal de Educação;
d) da Subprefeitura da Casa Verde/Cachoeirinha;
e) do Centro Cultural São Paulo, da Secretaria Municipal de Cultura;
II - pela sociedade civil, 4 (quatro) representantes.
§ 1º. A presidência do Conselho Consultivo será exercida pelo Secretário Municipal de Cultura ou seu representante, a quem caberá o voto de qualidade.
§ 2º. Os representantes e respectivos suplentes:
I - do Poder Público Municipal serão indicados pelos titulares dos órgãos referidos no inciso I do “caput” deste artigo;
II - da sociedade civil serão escolhidos mediante critérios a serem estabelecidos em regulamento.
§ 3º. Os membros do Conselho Consultivo serão designados pelo Secretário Municipal de Cultura.
§ 4º. A Secretaria Executiva do Conselho caberá ao Centro Cultural da Juventude.
Art. 9º. O mandato dos membros do Conselho Consultivo será de 2 (dois) anos, permitidas 2 (duas) reconduções.
Parágrafo único. As funções dos membros do Conselho serão consideradas como serviço público relevante, sendo, contudo, vedada sua remuneração a qualquer título.
Art. 10. O Conselho Consultivo reunir-se-á, ordinariamente e obrigatoriamente, uma vez a cada 3 (três) meses, e, extraordinariamente, sempre que necessário, com a presença da maioria de seus membros, mediante convocação de seu Presidente ou por solicitação de, no mínimo, 50% (cinqüenta por cento) dos seus componentes, dirigida à mesma autoridade.
Art. 11. Caberá ao Conselho Consultivo elaborar e aprovar o seu Regimento Interno, o qual será divulgado pelo Secretário Municipal de Cultura.
CAPÍTULO III
DA GESTÃO DO CENTRO CULTURAL DA JUVENTUDE
Art. 12. O Centro Cultural da Juventude realizará, semestralmente, fórum de participação de entidades, usuários e moradores da região, que se constituirá em espaço para debates, apresentação de críticas e sugestões, bem como para prestação de contas das atividades do Centro à população.
Art. 13. Para a consecução dos objetivos estabelecidos para o Centro Cultural da Juventude, com exceção das atividades gerenciais e administrativas, poderão ser firmadas parcerias por meio de convênios, termos de cooperação e outros ajustes similares com órgãos públicos, instituições de ensino e entidades não-governamentais, na conformidade da legislação em vigor.
CAPÍTULO IV
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
Art. 14. O Centro Cultural da Juventude será instalado em prédio próprio da Subprefeitura da Casa Verde/Cachoeirinha, na Avenida Deputado Emílio Carlos, nº 3.641, Distrito de Vila Nova Cachoeirinha.
Art. 15. Os cargos de provimento em comissão do Centro Cultural da Juventude são os constantes do Anexo I desta lei, observadas as seguintes normas:
I - criado, o cargo constante da coluna “Situação Nova”, sem correspondência na coluna “Situação Atual”;
II - mantidos, com as alterações eventualmente ocorridas, os que constam das duas situações.
Parágrafo único. Fica ressalvada a situação dos atuais servidores ocupantes dos cargos de provimento em comissão, ainda que não preencham as novas condições de provimento estabelecidas por esta lei.
Art. 16. Ficam transferidos, do Quadro Específico de Cargos de Provimento em Comissão a que se refere o Decreto nº 45.751, de 4 de março de 2005, para o Centro Cultural da Juventude, os cargos de provimento em comissão constantes da coluna “Situação Atual” do Anexo II desta lei, com as adequações necessárias, conforme o caso, previstas na sua coluna “Situação Nova”.
Art. 17. As despesas com a execução desta lei correrão por conta das dotações orçamentárias próprias, suplementadas se necessário.
Art. 18. Esta lei entrará em vigor na data de sua publicação, revogados os Decretos nº 46.994, de 10 de fevereiro de 2006, nº 47.388, de 22 de junho de 2006, e nº 47.603, de 21 de agosto de 2006.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 5 de janeiro de 2009, 455º da fundação de São Paulo.
GILBERTO KASSAB, PREFEITO
Publicada na Secretaria do Governo Municipal, em 5 de janeiro de 2009.
CLOVIS DE BARROS CARVALHO, Secretário do Governo Municipal

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Bate Papo – “Mulheres Negras Em Movimento”


Coletivo Cultural Esperança Garcia e Projeto Espremedor junto ao Cicas (Centro Independente de cultura alternativa e social). Bate Papo – “Mulheres Negras Em Movimento” Em diversas manifestações culturais, a presença das mulheres é marcante dentro dos agrupamentos em que participam. Mas suas atuações nem sempre são lembradas com o devido respeito.  Para este tema foram convidadas Juliana Balduino (Elo da Corrente, Esperança Garcia), Mariana Albuquerque (Docente do Estado), Juliana Queiros (Ativista Cultural), mediando esse bate - papo Samanta Biotti (Coletivo Cultural Peosia na Brasa, Esperança Garcia). “E mais Exposição de Fotografia de Sonia Regina Bischain, que trás nos seus registros “Mulher da Terra”, também contamos com a participação da Artista e Poeta, TATA QUILOMBAQUE, que trás uma Exposição com trechos do Livro” Quarto de Desejo” da escritora Carolina Maria de Jesus.  Apresentação Dança do Ventre, liderada por Kell e alunas das aulas de Dança do ventre do Cicas durante esse ano de 2010, performance de Sirlene Santos, integrante do grupo Corpo in Rito, em uma apresentação solo e finalizando este grande dia,  Katiara Okê, cantando seu Rap que trás muito Ragga e outros elementos da Musica Negra.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Alisando o Nosso Cabelo - BELL HOOKS


Apesar das diversas mudanças na política racial, às mulheres negras continuam obcecadas com os seus cabelos, e o alisamento ainda é considerado um assunto sério. Insistem em se aproveitar da insegurança que nós mulheres negras sentimos com respeito a nosso valor na sociedade de supremacia branca!

Nas manhãs de sábado, nos reuníamos na cozinha para arrumar o cabelo, quer dizer, para alisar os nossos cabelos. Os cheiros de óleo e cabelo queimado misturavam-se com os aromas dos nossos corpos acabados de tomar banho e o perfume do peixe frito.
Não íamos ao salão de beleza. Minha mãe arrumava os nossos cabelos. Seis filhas: não
havia a possibilidade de pagar cabeleireira. Naqueles dias, esse processo de alisar o
cabelo das mulheres negras com pente quente (inventado por Madame C. J. Waler) não
estava associado na minha mente ao esforço de parecermos brancas, de colocar em
prática os padrões de beleza estabelecidos pela supremacia branca. Estava associado
somente ao rito de iniciação de minha condição de mulher. Chegar a esse ponto de poder alisar o cabelo era deixar de ser percebida como menina (a qual o cabelo podia estar lindamente penteado e trançado) para ser quase uma mulher. Esse momento de transição era o que eu e minhas irmãs ansiávamos.

Fazer chapinha era um ritual da cultura das mulheres negras, um ritual de intimidade. Era um momento exclusivo no qual as mulheres (mesmo as que não se conheciam bem) podiam se encontrar em casa ou no salão para conversar umas com as outras, ou simplesmente para escutar a conversa. Era um mundo tão importante quanto à barbearia
dos homens, cheia de mistério e segredo.
Tínhamos um mundo no qual as imagens construídas como barreiras entre a nossa identidade e o mundo eram abandonadas momentaneamente, antes de serem reestabelecidas. Vivíamos um instante de criatividade, de mudança.
Eu queria essa mudança mesmo sabendo que em toda a minha vida me disseram que eu
era "abençoada" porque tinha nascido com "cabelo bom" – um cabelo fino, quase liso –, não suficientemente bom, mais ainda assim era bom. Um cabelo que não tinha o "pé na senzala", não tinha carapinha, essa parte na nuca onde o pente quente não consegue
alisar. Mas esse "cabelo bom" não significava nada para mim quando se colocava como uma barreira ao meu ingresso nesse mundo secreto da mulher negra.
 
Eu regozijei de alegria quando a minha mãe finalmente decretou que eu poderia me somar ao ritual de sábado, não mais como observadora, mas esperando pacientemente a minha vez. Sobre este ritual escrevi o seguinte: Para cada uma de nós, passar o pente quente é um ritual importante. Não é um símbolo de nosso anseio em tornar-nos brancas. Não existem brancos no nosso mundo íntimo. É um símbolo de nosso desejo de sermos mulheres.
É um gesto que mostra que estamos nos aproximando da condição de mulher [...] Antes que se alcance a idade apropriada, usaremos tranças; tranças que são símbolo de nossa inocência, juventude, nossa meninice. Então, as mãos que separam, penteiam e traçam nos confortam. A intimidade e a sina nos confortam. Existe uma intimidade tamanha na cozinha aos sábados quando se alisa o cabelo, quando se frita o peixe, quando se fazem rodadas de refrigerante, quando a música soul flutua sobre a conversa.
É um instante sem os homens. Um tempo em que trabalhamos como mulheres para satisfazer umas as necessidades das outras, para nos proporcionarmos um bem-estar interior, um instante de alegrias e boas conversas.
Levando em consideração que o mundo em que vivíamos estava segregado racialmente, era fácil desvincular a relação entre a supremacia branca e a nossa obsessão pelo cabelo. Mesmo sabendo que as mulheres negras com cabelo liso eram percebidas como mais bonitas do que as que tinham cabelo crespo e/ou encaracolado, isso não era abertamente relacionado com a idéia de que as mulheres brancas eram um grupo feminino mais atrativo ou de que seu cabelo liso estabelecia um padrão de beleza que as mulheres negras estavam lutando para colocar em prática.

O salão de beleza era um espaço de aumento da consciência, um espaço em que as
mulheres negras compartilhavam contos, lamúrias, atribulações, fofocas – um lugar onde se poderia ser acolhida e renovar o espírito.
Para algumas mulheres, era um lugar de descanso em que não se teria de satisfazer as
exigências das crianças ou dos homens. Era a hora em que algumas teriam sossego,
meditação e silêncio. Entretanto, essas implicações positivas do ritual do alisamento do
cabelo ponderavam, mas não alteravam as implicações negativas. Essas existiam
concomitantemente.
Dentro do patriarcado capitalista – o contexto social e político em que surge o costume
entre os negros de alisarmos os nossos cabelos –, essa postura representa uma imitação da aparência do grupo branco dominante e, com freqüência, indica um racismo interiorizado, um ódio a si mesmo que pode ser somado a uma baixa auto-estima.

alterar o racismo branco, sinalavam a obsessão dos negros com o cabelo liso como um
reflexo da mentalidade colonizada. Foi nesse momento em que os penteados afros,
principalmente o black, entraram na moda como um símbolo de resistência cultural à
opressão racista e fora considerado uma celebração da condição de negro(a).
Os penteados naturais eram associados à militância política. Muitos(as) jovens
negros(as), quando pararam de alisar o cabelo, perceberam o valor político atribuído o
cabelo alisado como sinal de reverência e conformidade frente às expectativas da
sociedade.
Entretanto, quando as lutas de libertação negra não conduziram à mudança evolucionária na sociedade, não se deu mais tanta atenção à relação política entre a
aparência e a cumplicidade com o segregacionismo branco, e aqueles que outrora
ostentavam os seus blacks começaram a alisar o cabelo. Sem ficar atrás dessa manobra para suprimir a consciência negra e os esforços das pessoas negras por serem sujeitos que se autodefinem, as empresas brancas começaram a reconhecer os negros, e de maneira especialíssima, às mulheres negras, como consumidoras potenciais de produtos que poderiam ser subministrados, incluindo aqueles para os cuidados com o cabelo. Permanentes especialmente concebidos para as mulheres negras eliminaram a necessidade do pente quente e da chapinha. Esses permanentes não só custavam mais caro, mas também levavam todas as economias e ganâncias das comunidades negras, especificamente dos bolsos das mulheres negras que anteriormente colhiam benefícios materiais (ver Como o Capitalismo Desenvolveu a América Negra, de Manning Marable, South End Pree).
 
O contexto do ritual havia desaparecido, não haveria mais a formação de vínculos íntimos e pessoais entre as mulheres negras. Sentadas embaixo de secadores barulhentos, as mulheres negras perderam um espaço para o diálogo, para a conversa criativa.
Desposadas desses rituais de formação de íntimos vínculos pessoais positivos, que
rodeavam tradicionalmente a experiência, o alisamento parecia cada vez mais um
significante da opressão e da exploração da ditadura branca.
O alisamento era claramente um processo no qual as mulheres negras estavam mudando a sua aparência para imitar a aparência dos brancos. Essa necessidade de ter a aparência mais parecida possível à dos brancos, de ter um visual inócuo, está relacionada com um desejo de triunfar no mundo branco. Antes da integração, os negros podiam se preocupar menos sobre o que os brancos pensavam sobre o seu cabelo.
Em discussão sobre a beleza com mulheres negras em Spelman College , as estudantes
falavam sobre a importância de ter o cabelo liso quando se procura um emprego.
Estavam convencidas, e provavelmente com toda a razão, de que sua oportunidade de
encontrar bons empregos aumentaria se tivessem cabelo alisado. Quando se pediam
mais detalhes sobre essa assertiva, essas mulheres se concentravam na conexão entre
as políticas radicais e os penteados naturais, seja com ou sem tranças. Uma jovem que
tinha o cabelo natural e curto falava até mesmo em comprar uma peruca de cabelo liso e comprido na hora de procurar emprego.

Nenhuma das participantes pensava na possibilidade de que nós mulheres negras éramos livres para usar os nossos cabelos naturais sem refletir sobre as possíveis
conseqüências negativas. Com freqüência, os adultos negros, os mais velhos, especialmente os pais, respondiam negativamente aos penteados naturais. Contei ao
grupo que, quando cheguei em casa com o cabelo trançado logo após conseguir um
emprego em Yale, os meus pais me disseram que eu tinha um aspecto desagradável.
Apesar das diversas mudanças na política racial, as mulheres negras continuam
obcecadas com os seus cabelos, e o alisamento ainda é considerado um assunto sério.
Por meio de diversas práticas insistem em se aproveitar da insegurança que nós
mulheres negras sentimos a respeito de nosso valor na sociedade de supremacia branca.
Conversando com grupos de mulheres em diversas cidades universitárias e com
mulheres negras em nossas comunidades, parece haver um consenso geral sobre a
nossa obsessão com o cabelo, que geralmente reflete lutas contínuas com a auto-estima
e a auto-realização. Falamos sobre o quanto as mulheres negras percebem seu cabelo
como um inimigo, como um problema que devemos resolver, um território que deve ser conquistado. Sobretudo, é uma parte de nosso corpo de mulher negra que deve ser
controlado. A maioria de nós não foi criada em ambientes nos quais aprendêssemos a
considerar o nosso cabelo como sensual, ou bonito, em um estado não processado.
Muitas de nós falamos de situações nas quais pessoas brancas pedem para tocar o
nosso cabelo natural e demonstram grande surpresa quando percebem que a textura é
suave ou agradável ao toque.
Aos olhos de muita gente branca e outras não negras, o black parece palha de aço ou um casco. As respostas aos estilos de penteado naturais usados por mulheres negras
revelam comumente como o nosso cabelo é percebido na cultura branca: não só como
feio, como também atemorizante. Nós tendemos a interiorizar esse medo.O grau em que nos sentimos cômodas com o nosso cabelo reflete os nossos sentimentos gerais sobre o nosso corpo.

Em nosso grupo de apoio de mulheres negras, Irmãs do Yam, conversávamos sobre
como não gostávamos de nossos corpos, especialmente nossos cabelos. Sugeri ao grupo que considerássemos o nosso cabelo como se ele não fizesse parte do nosso corpo, mas que se percebesse como algo separado, de novo um território que deve ser controlado, domado.
Para mim era importante que fosse vinculada a necessidade de controlar o cabelo com a repressão sexual. Tendo curiosidade sobre o que passavam as mulheres negras que
faziam chapinha ou que fizessem amaciamento, permanente ou outras químicas, quando refletiam sobre a relação do cabelo alisado e a prática sexual, perguntei se as pessoas se preocupavam com o cabelo delas, se temiam que seus pares tocassem os seus cabelos.
Sempre tive a impressão de que o cabelo alisado chama a atenção pelo desejo de que
permaneça no mesmo lugar. Não foi surpreendente que muitas mulheres negras
respondessem que se sentiam incomodadas se as pessoas se concentravam e davam
muita atenção aos seus cabelos, sentiam como se o seu cabelo estivesse desordenado,
fora de controle. Isso porque aquelas de nós que já liberaram o seu cabelo e deixamos
que ele se movimente na direção que ele queira, freqüentemente, recebemos comentários negativos.
Olhando fotografias de mim mesma e das minhas irmãs de quando tínhamos o cabelo
alisado no segundo grau, percebi que parecíamos ter mais idade do que quando
deixamos o cabelo natural. É irônico viver em uma cultura que enfatiza tanto a
necessidade das mulheres serem ou parecerem jovens, mas por outro lado incentiva as
mulheres negras a mudarem os seus cabelos de maneira tal que parecemos ser mais
velhas.
No último semestre, estávamos lendo O Olho mais azul, de Toni Morrison, em uma aula de Literatura. Pedi aos estudantes que escrevessem textos autobiográficos, que
refletissem sobre o que eles pensavam sobre a relação entre raça e beleza física. Uma
grande maioria das mulheres negras escreveu sobre os seus cabelos. Quando eu
perguntei isoladamente a algumas delas porque continuavam alisando o cabelo, muitas
atestaram que os penteados naturais não ficavam bonitos nelas, ou que demandavam
muito trabalho. Emily, uma das minhas favoritas, de cabelo curto sempre alisava, e eu lhe questionava e desafiava, até que ela me explicou de maneira muito convincente que um penteado natural ficaria horrível no seu rosto, que ela não tinha a fronte nem a estrutura óssea apropriada.
No semestre seguinte, nos reencontramos e ela me contou que durante as férias tinha ido ao salão fazer o permanente e, enquanto esperava, pensou sobre as leituras e as
discussões de sala de aula e percebeu que estava realmente muito incomodada e amedrontada com a idéia de que as pessoas achassem que ela não seria mais atraente
se não alisasse o cabelo. Reconheceu que esse medo estava enraizado nos sentimentos
de baixa auto-estima. Decidiu fazer uma mudança e se surpreendeu, pois estava linda e
muito atraente. Conversamos bastante sobre como dói perceber a relação entre a
opressão racista e os argumentos que usamos para convencer a nós mesmas e aos
outros de que não somos belos ou aceitáveis como somos.

Em inúmeras discussões com mulheres negras sobre o cabelo, ficou constatado um
manifesto de que um dos fatores mais poderosos que nos impedem de usarmos o cabelo sem química é o temor de perder a aprovação e a consideração das outras pessoas. As mulheres negras heterossexuais falaram sobre o quanto os homens negros respondem de forma mais favorável quando se tem um cabelo liso ou alisado. Entre as
homossexuais, muitas afirmam que não alisavam o cabelo por uma reflexão de que esse
gesto estaria vinculado à heterossexualidade e à necessidade de aprovação do macho.
Lembro-me de ter visitado uma amiga com seu par, um homem negro, em Nova York , faz anos, e tivemos uma intensa discussão sobre o cabelo. Ele se encarregou de me dizer que eu poderia ser uma irmã excelente (bonita) se fizesse algo ("dar um jeito") com o meu cabelo. Por dentro pensei que a minha mãe o tinha contratado. O que me lembro é do espanto quando com calma e entusiasmo garanti que eu gostava do tato no cabelo não processado.
Quando os estudantes lêem sobre raça e beleza física, várias mulheres negras descrevem fases da infância em que estavam atormentadas e obcecadas com a idéia de
ter cabelos lisos, já que estavam tão associados à idéia de essas serem desejadas e
amadas. Poucas mulheres receberam apoio de suas famílias, amigos(as) e parceiros(as)
amorosos(as) quando decidiam não alisar mais o cabelo. E temos várias histórias para
contar sobre os conselhos recebidos de todo o mundo, até mesmo de pessoas
completamente estanhas, que se sentem gabaritadas para atestar que parecemos mais
bonitas se "arrumamos" (alisamos) o cabelo.
Quando eu ia para a minha entrevista de emprego em Yale, conselheiras brancas que
nunca haviam feito nenhum comentário sobre o meu cabelo me animaram para que eu
não usasse tranças ou um penteado natural grande (black) na entrevista. Elas não
disseram "alisa o seu cabelo", sugeriam que eu mudasse o meu estilo de cabelo de modo tal que parecesse ao máximo ao cabelo delas, indicando certo conformismo.

Usei tranças e ninguém pareceu notar. Quando fui contratada, não perguntei se importava ou não que eu usasse tranças. Conto essa história aos meus alunos para que saibam que nem sempre temos de renunciar a nossa capacidade de ser pessoas que se autodefinem para ter sucesso no emprego.
Já percebi que o meu estilo de cabelo às vezes incomoda os estudantes durante as
minhas conferências. Certa vez, em uma conferência sobre mulheres negras e liderança,
entrei em um auditório repleto com o meu cabelo sem química, fora de controle e
desordenado. A grande maioria das mulheres negras que ali estavam tinham o cabelo
alisado. Muitas delas foram hostis com olhares de desdém. Senti como se estivesse
sendo julgada, como uma marginal, indesejável. Tais julgamentos se fazem especialmente direcionado às mulheres negras nos Estados Unidos que resolvem usar
dreads. São consideradas, com toda razão, da antítese do alisamento, o que torna o seu estilo uma decisão política. Freqüentemente, as mulheres negras expressam desprezo por aquelas de nós que escolhemos essa aparência.
Curiosamente, ao mesmo tempo em que o cabelo natural é um motivo de desatenção e
desdém, somos testemunhas da volta da moda das pinturas, mechas loiras, cabelo
comprido. Em seus escritos, minhas alunas negras descreveram o uso de mechas
amarelas em suas cabeças quando eram meninas, para fingir ter o cabelo comprido e
loiro. Recentemente as cantoras que estão trabalhando para ser atrativas para a platéia
branca, para serem consideradas como artistas que ampliaram o público, usam implantes e apliques para conseguir cabelos compridos e lisos. Parece haver um nexo definido entre a popularidade de uma artista negra com auditórios brancos e o grau em que ela trabalha para parecer branca, ou para encarnar aspectos do estilo branco. Tina Tuner e Aretha Franklin foram percussoras dessa tendência, as duas pintavam o cabelo de loiro. Na vida cotidiana vemos cada vez mais mulheres usando cada vez mais químicas para ter cabelo liso e loiro.

Em uma de minhas conversas que se concentravam na construção social da identidade
da mulher negra dentro de uma sociedade sexista e racista, uma mulher negra veio até
mim no final da discussão e me contou que sua filha de sete anos de idade estava
deslumbrada com a idéia do cabelo loiro, de tal forma que ela havia feito uma peruca que imitava os cachinhos dourados. Essa mãe queria saber o que estava fazendo de errado em sua tutela, já que sua casa era um lugar onde a condição de negro era afirmada e celebrada. Mas ela não havia considerado que o seu cabelo alisado era uma mensagem para a sua filha: nós mulheres negras não somos aceitas a menos que alteremos nossa aparência ou textura do cabelo.

Recentemente conversei com uma de minhas irmãs mais novas sobre o seu cabelo. Ela
usa tintura de cores berrantes em diversos tons de vermelho. No que lhe diz respeito,
essas escolhas de cabelo pintado e alisado estavam diretamente relacionadas com
sentimentos de baixa auto-estima. Ela não gosta dos seus traços e acredita que o estilo
de cabelo transforma a sua fisionomia. O que eu percebia era que a escolha dela na
realidade chamava mais atenção para a sua fisionomia e era tudo o que ela pretendia
ocultar.
Quando ela comentou que com essa aparência ela recebia mais atenção e elogios, sugeri que a reação positiva podia ser resposta direta da sua própria projeção de um alto nível de auto-satisfação. As pessoas podem estar respondendo a isso e não à tentativa de ocultar ou mascarar o seu fenótipo. Conversamos sobre as mensagens que estava mandando para as suas filhas de pele escura: que elas certamente seriam aceitas se alisassem os seus cabelos!
Certo número de mulheres afirmou que essa é uma estratégia de sobrevivência: é mais
fácil de funcionar nessa sociedade com o cabelo alisado. Os problemas são menores; ou, como alguns dizem, "dá menos trabalho" por ser mais fácil de controlar e por isso toma menos tempo. Quando respondi a esse argumento em uma discussão em Spelman
College , sugeri que talvez o fato de gastar tempo com nós mesmas cuidando de nossos corpos é também um reflexo de uma sensação de que não é importante ou de que nós não merecemos tal cuidado. Nesse grupo e em outros, as mulheres negras falavam de ter sido criadas em famílias que ridicularizavam ou consideravam desperdício gastar muito tempo com a aparência.
Independentemente da maneira como escolhemos individualmente usar o cabelo, é
evidente que o grau em que sofremos a opressão e a exploração racistas e sexistas afeta o grau em que nos sentimos capazes tanto de auto-amor quanto de afirmar uma presença autônoma que seja aceitável e agradável para nós mesmas. As preferências individuais (estejam ou não enraizadas na autonegação) não podem escamotear a realidade em que nossa obsessão coletiva com alisar o cabelo negro reflete psicologicamente como opressão e impacto da colonização racista.

Juntos racismo e sexismo nos recalcam diariamente pelos meios de comunicação. Todos os tipos de publicidade e cenas cotidianas nos aferem a condição de que não seremos bonitas e atraentes se não mudarmos a nós mesmas, especialmente o nosso cabelo. Não podemos nos resignar se sabemos que a supremacia branca informa e trata de sabotar nossos esforços por construir uma individualidade e uma identidade.
Como nas lutas organizadas que aconteceram nos anos 1960 e princípios da década de
1970, as mulheres negras, como indivíduos, devemos lutar sozinhas por adquirir a
consciência crítica que nos capacite para examinar as questões de raça e beleza e pautar nossas escolhas pessoais de um ponto de vista político.
Existem momentos em que penso em alisar o meu cabelo só por capricho, aí me lembro que, mesmo que esse gesto pudesse ser simplesmente festivo para mim, uma expressão individual de desejo, eu sei que gesto semelhante traria outras implicações que fogem ao meu controle. A realidade é que o cabelo alisado está vinculado historicamente e atualmente a um sistema de dominação racial que é incutida nas pessoas negras, e especialmente nas mulheres negras de que não somos aceitas como somos porque não somos belas.

Fazer esse gesto como uma expressão de liberdade e opção individual me faria cúmplice de uma política de dominação que nos fere. É fácil renunciar a essa liberdade. É mais importante que as mulheres façam resistência ao racismo e ao sexismo que se dissemina pelos meios de comunicação, e tratarem para que todo aspecto da nossa autorepresentação seja uma feroz resistência, uma celebração radical de nossa condição e nosso respeito por nós mesmas.
Mesmo não tendo usado o cabelo alisado por muito tempo, isso não significa que eu era capaz de desfrutar ou realmente apreciar meu cabelo em estado natural. Durante anos, ainda considerava isso um problema. Ele não era natural o suficiente, crespo o necessário para fazer um black interessante e decente, o cabelo era muito fino. Essas queixas expressavam a minha continua insatisfação. A verdadeira liberação do meu cabelo veio quando parei de tentar controlar em qualquer estado e o aceitei como era.

Só há poucos anos é que deixei de me preocupar com o quê os outros possam dizer
sobre o meu cabelo. Só nesses últimos anos foi que eu sentir consecutivamente o prazer lavando, penteando e cuidando do meu cabelo. Esses sentimentos me lembram o aconchego e o deleite que eu sentia quando menina, sentada entre as pernas de minha
mãe, sentindo o calor do seu corpo e do seu ser enquanto ela penteava e trançava o meu cabelo.
Em uma cultura de dominação e antiintimidade, devemos lutar diariamente por
permanecer em contato com nos mesmos e com os nossos corpos, uns com os outros.
Especialmente as mulheres negras e os homens negros, já que são nossos corpos os que freqüentemente são desmerecidos, menosprezados, humilhados e mutilados em uma ideologia que aliena. Celebrando os nossos corpos, participamos de uma luta libertadora que libera a mente e o coração.

Revista Gazeta de Cuba – Unión de escritores y Artista de Cuba, janeiro-fevereiro de 2005. Tradução do espanhol: Lia Maria dos Santos.
Durante os anos 1960, os negros que trabalhavam ativamente para criticar, desafiar e
Esse momento é um marco histórico e ideológico do qual emergiu o processo de alisamento do cabelo de mulheres negras. Esse processo foi ampliado de maneira tal que estabeleceu um espaço real de formação de íntimos vínculos pessoais da mulher negra mediante uma experiência ritualística compartilhada.